A Junta de Freguesia de Fanhões acolhe a Rota do Memorial do Convento com a colocação do símbolo da Rota em Calçada ligando-a também a Fanhões – Capital do Calceteiro numa aposta à elevação da Freguesia ao interesse dos visitantes e aos seu valores Patrimoniais, nesta Rota que é um projeto conjunto dos Munícipios de Lisboa, Loures e Mafra. Com início em novembro de 2020 com uma série de ações já programadas onde se inclui a colocação um Totem de interpretação histórica da rota que tem paragem obrigatória em Fanhões. Na obra de José Saramago “Memorial do Convento”, o cortejo a caminho do Convento de Mafra teve paragem obrigatória em frente à Igreja Matriz de Fanhões onde as Estátuas e os Sinos foram benzidos, colocando de forma indelével o nome de Fanhões na obra literária de Saramago e na história de um dos maiores Monumentos Nacionais.
“… Já passámos Pintéus, vamos no caminho de Fanhões, dezoito estátuas em dezoito carros, juntas de bois à proporção, homens às cordas na conta do já sabido, porém não é isto aventura que se compare com a pedra de Benedictione, são coisas que só podem acontecer uma vez na vida, se o engenho não engenhasse maneiras de tornar fácil o difícil, mais valia ter deixado o mundo na sua primeira brutidão. As populações vêm ao caminho festejar a passagem, só estranham de ver os santos deitados, e nisso têm razão, que mais formoso e edificante espectáculo não dariam as sacras figuras se viajassem de pé sobre os carros, como se fossem de andor, até os mais baixitos, que não chegam a três metros, medida nossa, seriam avistados de longe, que fariam os dois da frente, S. Vicente e S. Sebastião, quase cinco metros de altura, gigantões atléticos, hércules cristãos, campeões da fé, olhando lá do alto, por cima dos valados e das copas das oliveiras, o vasto mundo, então sim, seria isto religião que nada ficaria a dever à grega e à romana. Em Fanhões parou o cortejo porque os moradores quiseram saber, nome por nome, quem eram os santos que ali iam pois não é todos os dias que se recebem, ainda que de passagem, visitantes de tal grandeza corporal e espiritual, uma coisa é o quotidiano trânsito dos materiais de construção, outra, poucas semanas há, o intérmino cortejo dos sinos, mais de cem, que hão-de rebimbar nas torres de Mafra a imperecível memória destes acontecimentos, outra ainda este panteão sagrado. Foi o pároco da terra chamado à ciceronia, mas não soube dar boa conta do recado, porque nem todas as estátuas tinham visível o nome do pedestal …”
Trabalho de Calçada do Calceteiro Telmo Pereira