Noras e Picotas

A irrigação, toda ela de iniciativa particular, aproveitava não só a água dos poços- alguma de nascente, outra das chuvas- espalhados, em grande número, por todo o mundo rural, abertos pelos proprietários dos terrenos, como também a das nascentes de minas, rios e ribeiras onde se destaca a Ribeira de Casainhos e o Rio de Fanhões , que forneciam água para regar os terrenos agricultados das suas margens.

Sempre que havia desnível entre as nascentes, caso de algumas minas e açudes construídos nas ribeiras, e o local a irrigar, o sistema de rega mais usual era a “rega por seu pé”, também conhecida por “rega pelo pé ou “rega pelo rego”, processo em que o agricultor ia direcionando a água, com abertura de regos feitos à enxada ou sacho, até que ela chegasse às plantas. Estamos a referenciar a rega sem necessidade de aparelhos para elevar água.

Na falta desse desnível, encontrávamos, em funcionamento, nos meados do século XX, dois importantes aparelhos de elevar água: as noras, movidas por animais e as picotas acionadas pela força do braço humano:

Nora: ár. na’ûra  Engenho para tirar água dos poços, ribeiras e rios. A mais  utilizada era a nora mourisca, em que o engenho está todo a descoberto e o animal trabalha num círculo à volta da nora, no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, fazendo mover duas rodas, na maior das quais estavam os alcatruzes de metal ou de barro,  estes muito raros.

Picota: Do céltico, árabe ou francês? Engenho simples, tosco em madeira,    que serve para tirar água dos poços pouco fundos ou de vales, rios e ribeiras, para as regas, formada por uma longa vara ou tronco basculante, o vaivém, chamado balança, balanço, esteio ou cambão, de pinheiro, eucalipto, … , que se apoia, através de um eixo, num prumo ou poste vertical, denominado pégão ou pilar, forquilha ou garfo e tem numa das extremidades um peso devidamente calculado, uma simples pedra e na outra suspenso, de duma haste rígida- a varela-, onde fica preso o balde de zinco ou de madeira, destinado à elevação da água, que é deitada no tombadouro ou tabuleiro, que podia ser de zinco ou madeira, indo de seguida, para os regos ou leiras para fazer a rega directa. Este aparelho também é conhecido por cegonha, burra.

Tratava-se de um trabalho árduo e penoso, realizado por homens e mulheres, pouco amigo de suas mãos. Uma manhã agarrado a uma varela, era uma manhã que não agradava a ninguém. Normalmente, a água não era armazenada, seguindo, diretamente, para as terras a regar, o que exigia mais uma pessoa para a encaminhar até ao destino.

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